Perfil

Instintivo deste jovem, Brijmohan Lall teve um início de vida um tanto invulgar. Por volta da altura em que o movimento independentista na Índia estava a formar-se, no final da década de 1920, entrou numa escola Gurukul (escola de património indiana) recém-inaugurada, perto da sua casa em Kamalia (agora no Paquistão). Só tinha seis anos.

Assim começou uma história extraordinária de coragem e perseverança. Brijmohan começou a sua história de negócios depois da separação, em 1947, quando ele e os irmãos 
se mudaram para Ludhiana. A família fundou uma empresa que fornecia transporte básico (bicicletas) aos pobres. Três décadas mais tarde, à medida que a Índia evoluía, adicionou um segundo capítulo essencial - que vizualizou transporte económico e tecnologicamente superior para milhões de indianos de classe média.

O resto, é história.

Quando Brijmohan e os irmãos começaram, não existia nenhum conceito de redes de revendedores organizadas. As empresas limitavam-se a produzir e a maioria dos revendedores funcionava como comerciante.

Brijmohan alterou as regras do negócio confiando nos seus instintos básicos; introduzndo normas empresariais que eram avançadas para o seu tempo e investindo em relações estratégicas. Brijmohan construiu uma série de laços e redes com centenas de familiares, vendedores, revendedores e colaboradores. Muito como o sistema keiretsu japonês, estas redes são, hoje em dia, a cola que sustém o Grupo Hero.

"Graças às relações que alimentámos com tanta paixão na Família Hero, as gerações mais jovens de alguns dos nossos revendedores de bicicletas tornaram-se revendedores da Hero MotoCorp. Estas relações sobreviverem através das gerações - por tempos difíceis e tempos bons
", recorda agora o patriarca.

Para além de estabelecer relações com os seus vendedores e revendedores, Brijmohan foi pessoalmente responsável por acender o espírito do empreendedorismo entre os seus colaboradores e, hoje em dia, 40 dos seus antigos colaboradores são empreendedores de sucesso.

Apesar de não ter qualificações técnicas no sentido tradicional, apenas alguns dos seus contemporâneos compreenderam a dinâmica da tecnologia melhor do que Brijmohan Lall.

Conseguiu visualizar sempre a aplicação da tecnologia antes de outros o conseguirem. Por exemplo, na década de 1980, quando todas as empresas de veículos de duas rodas na Índia optaram por tecnologia de motores de dois tempos, Brijmohan preferiu um motor a quatro tempos - uma tecnologia que aumentou dramaticamente a eficiência do combustível e reduziu os custos de manutenção.

Esta tecnologia foi um dos principais motivos do sucesso estupendo da Hero MotoCorp.

Uma educação frugal e um sistema de valores modelado no famoso sistema Gurukul - que sublinha a santidade da relação professor-aluno - infundiram em Brijmojan um forte sentido de empenho social e responsabilidade.

Existe um cantinho especial no seu coração por Ludhiana, a cidade onde criou raízes. Hoje em dia, Ludhiana é uma cidade moderna e efervescente, mas Brijmohan não desempenhou um papel pequeno na sua evolução. Várias escolas e instituições educativas em Ludhiana 
devem a sua existência à família Munjal.

A Bolsa de Valores de Ludhiana deve a sua existência à visão de Brijmohan, tal como o Clube de Aviação de Ludhiana. Também fundou o Hospital Universitário Dayanand, sem fins lucrativos - um instituto hoje considerado uma das melhores faculdades de medicina da Índia, em termos de infra-estruturas, qualidade do pessoal e perfil dos alunos.

Em e nos arredores de Dharuhera, perto da primeira unidade de fabrico da Hero MotoCorp, Brijmohan e a sua família deixaram a sua marca na filantropia. A Fundação Raman Kant Munjal 
- que Brijmohan criou em memória do seu filho mais velho, gere um liceu e um hospital com 100 camas muito moderno e bem equipado em Dharuhera. O grupo também adotou inúmeras aldeias e fornece educação, formação vocacional, água potável, estradas, iluminação de rua e esgotos.